![]() "(...) Estar contigo ou não estar contigo é a medida de meu tempo. O cântaro já se quebra sobre a fonte, já se levanta o homem à voz da ave, já escureceram os que olham pelas janelas, mas a sombra não trouxe a paz. É, eu sei, o amor: a ansiedade e o alívio de ouvir tua voz, a espera e a memória, o horror de viver no sucessivo. É o amor com suas mitologias, com suas pequenas magias inúteis. (...) O nome de uma mulher me delata. Dói-me uma mulher por todo o corpo." (O Ameaçado. de Jorge Luís Borges. Do livro "O Ouro dos Tigres")
![]() o melhor baixista do mundo!
eu vou ficando pra trás
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como se agora eu já não pudesse me olhar. eu e meu chapéu c corremos sem perceber nada. e, de repente, paramos. um vento forte nos jogou longe... :marcosramon
O CONSUMIDOR RELIGIOSOLi, dia desses, um textos do professor da USP Antônio Flávio Pierucci sobre religião (“Liberdade de cultos na sociedade de serviços”), e que data de 1996. O que achei mais impressionante foi a atualidade do texto que parte de um fato bem específico: os pontapés que um pastor evangélico deu numa santa e que foram televisionados para todo o pais em 1995. O autor sustenta que a controvérsia que eclodiu a partir deste episódio revela muitas questões, entre elas: o direito à liberdade religiosa, o problema da intolerância, o problema econômico incitado a partir dos privilégios que possuem as igrejas e a defesa do consumidor religioso. Quando se fala em liberdade religiosa ou liberdade de culto toca-se também no tema da intolerância. Segundo Pierucci os pentecostais (e neo-pentecostais), que reclamam muito de não terem liberdade religiosa, são os primeiros a atacar os praticantes de outros cultos. Quais? Os umbandistas, os kardecistas e até mesmo os católicos, entre outros. O exemplo da santa revela justamente isso. Chutar uma santa em rede nacional num país que (ainda) é de maioria católica é comprar uma briga feia. Mas a intolerância contra os outros cultos é talvez ainda maior, porque partem dos cristãos em geral – católicos e evangélicos. Basta percebermos que para aqueles todo umbandista ou espírita é macumbeiro, além de estar, é claro, sempre com o demônio ao seu lado. No entanto, apesar disso, o autor sustenta que liberdade para as religiões é o que, decididamente, não falta no Brasil, país do hibridismo religioso. Onde o problema encontra-se então não é na liberdade de culto – que, de fato, existe – mas sim na tentativa de hegemonizar o país em torno de uma única crença, “da” crença. Ora, alguém conhece um evangélico que não tem total certeza em sua fé e total descrença na fé dos outros? Todo crente “sabe” que já está salvo e para que você se salve é preciso que você esteja necessariamente com ele. ![]() A questão aumenta, no entanto, quando percebe-se a influência das igrejas no campo econômico. Ora, as igrejas não pagam impostos, fazem festejos e reformas com dinheiro público, não precisam declarar renda, não respeitam a lei do silêncio etc. Mas será que é justo que o umbandista, ou o kardecista ou mesmo o ateu financiem o culto alheio? Afinal de contas, é para as igrejas cristãs que vão os nossos impostos. Imaginem, por exemplo, a confusão que ia ocorrer se o governo começasse a financiar algum terreiro ou algum centro espírita. Os cristãos iam sair pras ruas exigindo sua “liberdade” e seus “direitos”. Mas não são só os evangélicos que têm que suportar os feriados católicos; todos nós, na verdade, somos obrigados a aderir aos feriados cristãos (semana santa, páscoa, natal etc), assim como temos que agüentar a gritaria nas ruas e nos ônibus, além da berradeira desafinada das igrejas evangélicas que não deixam bairros inteiros dormirem mais cedo. Estamos assim diante de uma verdadeira controvérsia religiosa, dadas as inúmeras questões suscitadas, e não de um simples conflito. O fato, afirma Pierucci, é que a Igreja Universal (por exemplo) inova muito em matéria de comportamento religioso, quando “concebe abertamente a igreja como empresa econômica e a religião como fonte de lucro e enriquecimento pessoal”. As igrejas evangélicas comercializam Deus e fazem algo que até certo tempo era feito apenas pelos maçons: a proteção dos “irmãos de igreja”. Um evangélico, sempre que tiver opções, só vai comprar em lojas evangélicas, só vai almoçar em restaurantes evangélicos e protegerá sempre todo e qualquer produto assinado pela sua igreja (“made in heaven”) em detrimento de qualquer outro, ainda que possua qualidade melhor. Essa sectarização ensinada nos cultos e aparentemente inofensiva gera a intolerância e a fragmentação social já que os evangélicos lucram muito mais que as empresas não religiosas, pois possuem (como as igrejas) isenção de impostos. Tudo isso torna frágil apenas, é claro, a população comum, enquanto torna vantajoso ser um empresário evangélico. Nos EUA já existem advogados especializados em tratar dos interesses do “consumidor religioso” – é esse mesmo o termo – que se sente lesado por seus pastores, padres, gurus etc. Pierucci se pergunta se não deveríamos nós também começar a questionar os crimes morais e econômicos realizados pelas igrejas. Afinal de contas, já está na hora do “consumidor religioso” brasileiro exigir os seus direitos. :Marcos Ramon antifilosofia
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Quem sou eu
Professor de filosofia, pesquisa estética e cibercultura. reúno fragmentos
espalhados em cada vão renunciado anti-nada eu escrevo o que me vem na telha
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